segunda-feira, 27 de abril de 2009

BTT Almonda no Alentejo

Ao contrário do que tem sido prática aqui neste blogue, desta vez a crónica do belo passeio de Domingo nos concelhos de Arraiolos e de Mora vai começar pelo fim. Mais concretamente à mesa do Alpendre, um restaurante que proporcionou aos Trinca Pedras um repasto tipicamente alentejano, onde não faltaram entradas deliciosas e três variedades de “migas” até então desconhecidas para a maioria dos presentes. E para finalizar, um “pijama”, um prato que reúne as melhores e mais tradicionais sobremesas do Alentejo.

Porém, se o caro leitor já está a pensar que a incursão dos Trincas por terras Alentejanas se resumiu ao jantar, desengane-se, pois antes da tão merecida refeição já 20 “valentes” bttistas tinham cruzado montes alentejanos e enfrentado inúmeros desafios ao longo de quase 90 quilómetros.

Apesar de terem ficado para o jantar apenas os 10 Trincas, outros tantos participaram na aventura bttista que começou em Santana do Campo, pequena aldeia próxima de Arraiolos. Aventureiros dos MuMu da Talega e do BTT Almonda de Torres Novas ajudaram a fazer desta volta uma autêntica homenagem ao espírito de camaradagem que deve orientar a prática do BTT.
De Santana do Campo, e porque estava a iniciar-se uma prova por aqueles lados, foi necessário partir antes das 9 de modo a não haver ajuntamentos indesejáveis com uma “manada” de 300 bttistas em direcção contrária algures num ponto comum dos percursos.

Porém, a partida não se deu sem antes o Nuno Ventinhas, guia de serviço e responsável pela organização do passeio, ter dado um briefing esclarecedor quanto ao percurso. O Nuno demonstrou não ser só um bom anfitrião como um guia de elevado profissionalismo, onde nada foi deixado ao acaso: desde o transporte do almoço até ao Fluviário, até ao banho de água quente na escola de Arraiolos, passando pela informação prévia aos bombeiros locais do percurso não fosse o “diabo tecê-las”.



Mal as bikes começaram a rolar o cenário que se apresentava era deslumbrante, sendo constante ao longo do passeio. Num ritmo lento e com muitas paragens, em muitos casos devido a problemas técnicos, as primeiras subidas (ligeiras, diga-se) do dia começaram para a Aldeia da Serra.



Daqui a “comitiva” seguiu para Pavia em percursos isolados, saltitando de herdade em herdade, abrindo-se e fechando-se portões, num ritual praticado durante toda a manhã.








Após a passagem pela Ponte Tera viria uma subida em alcatrão, mas compensada com uma paisagem verdejante que acompanhava o leito do rio com aquele nome. A chegada a Pavia serviu para um novo reagrupamento, para de imediato se iniciar a próxima etapa do percurso até Vila do Cabeção.

Esta seria a última passagem antes da chegada a Mora, não sem antes os 20 bttistas atravessarem um pequeno riacho, com algumas molhadelas de pés pelo meio, e a Ponte da Amizade.

Ao chegar-se finalmente a Mora o grupo pedalou ao longo do rio Raia, com vários pescadores a desfrutarem do local e dos seus recursos. E como estas coisas dos GPS’s não são ciência exacta, claro está que o caminho pela qual se acreditava ser o acesso ao tão esperado Fluviário onde estaria o almoço à espera, acabou por revelar-se literalmente um beco sem saída.

Perante isto, restou apenas voltar para trás, colocar as bikes às costas e rumar encosta acima para se ir apanhar o “track” sugerido pelo João Tremoceiro. Alguns metros subidos e eis mais uma vedação para saltar, mas desta vez estava mesmo electrificada.



Com todo o cuidado o obstáculo foi transposto, embora tenha havido quem sentisse o poder electrizante da vedação (o Zacarias talvez tenha algo a dizer sobre este assunto). Daí por diante foi seguir até ao Fluviário.



Quase uma hora de almoço, com uns cafezinhos e bolos de nata à mistura, estava na hora do regresso à estrada. Chegava o momento de todas as decisões. O João da Galega, que estava indisposto quase desde o início, decidiu regressar no “veículo de apoio” para Santana do Campo, enquanto que três dos cinco elementos dos MuMu da Talega, “apertados de tempo”, optaram por fazer o caminho de volta pela estrada, convictos de que a sua tarefa estaria facilitada. Como viriam a constatar mais tarde, tratou-se de uma aposta errada.



Na verdade, o restante percurso acabou por revelar-se um belo passeio, quase sempre a rolar e sem portões, chegando por vezes atingir-se médias de 30 quilómetros. De tal forma, que o pessoal de Torres Novas imprimiu um ritmo intenso logo a seguir ao almoço, tomando a dianteira, para nunca mais serem vistos. Mais tarde, foi a vez do Hugo e do Nuno dos Trincas seguirem também num ritmo mais acelerado.

Entretanto, cá atrás seguia o “pelotão”, com doze elementos, divertido, mas sempre a rolar num bom ritmo. Foram sensivelmente 35 quilómetros de puro prazer. Mas, já na recta final, houve ainda uma surpresa. Uma barragem/represa lindíssima, servindo de cenário para mais uma fotografia de grupo, este um pouco mais reduzido. E, claro está, Brites mais uma vez de câmara em riste a exercer os seus dotes fotográficos.



Finalmente, e mais cedo do que estava previsto, o grupo chega por volta das 17h00 a Santana do Campo, estando o João, o Hugo e o Nuno à espera, tendo, entretanto, o pessoal do BTT Almonda iniciado a viagem de regresso a Torres Novas. Quando aos três valentes dos MuM’s que optaram pelo “alcatrão” ainda não havia sinais da sua existência. Entretanto, os seus outros dois companheiros MuMu’s arrumaram as bikes, o equipamento e regressaram a casa.
Os Trincas, por seu lado, dirigiram-se à escola de Arraiolos para tomar o merecido banho, tendo finalmente avistado dois dos três Mumu’s, que, com um bom espírito e boa disposição, informaram que tinham “perdido” o terceiro elemento. Certamente que este haveria de ser recolhido pelo carro vassoura.

Uma vez que este texto já vai longo e após um dia dedicado ao BTT, o balanço é simples e reconfortante: um Domingo bem passado, que proporcionou paisagens deslumbrantes e aventuras saudáveis e, sobretudo, muita confraternização.



Todas as fotos aqui

Reportagem de Alex Guerra (Trinca-Pedras)

Sem comentários: